Só Rima

Na rentrée laranja
Durão não esbanja
uma oportunidade mediática
para quebrar com a política apática.
Foi em Caminha
por baixo da vinha
que se prometeu um Portugal mais justo
nem que seja a muito custo.
Mas na Justiça
é Cardona que dá a missa
e na justiça social
Bagão é o jogral,
por isso em vez de uma promessa
é necessário que se peça
ao PP que nos traga o que precisamos
porque pelos vistos eles são os nossos amos.

Na maratona dos campeonatos
correram poucos patos
e Portugal teve o melhor resultado
do triste fado
que têm vindo a ser os mundiais
para as côres nacionais.
Chaíça foi o 4º
e trouxe para o seu quarto
a alegria de um recorde
embora ele discorde
que seja uma alegria completa
pois o pior lugar na meta
é o que se segue às medalhas
no qual nem se ganham umas palhas.

A guerra civil
está a por o Iraque senil
todos os dias há atentados
todos os dias morrem soldados
umas vezes líderes xiitas
outras pobres sunitas
e ninguém controla
um país onde ninguém vai à bola
com o parceiro do lado
mesmo que se jogue num prado.


Chegou a notícia
de algo pior que uma alcatrícia
um adepto disse a Deco
que ele era um meco
e parecem ter existido algumas agressões
e esticões.
É pena o esquecimento
à velocidade do vento
da magia
que ele fazia

O União de Leiria
não teve azia
e derrotou os irlandeses
com goleada que se vê poucas vezes.
Agora na taça UEFA
três portugueses vão ter a tarefa
de substituir Porto e Boavista
que o ano passado fizeram uma grande conquista,
dois portuenses nas meias finais
É algo que fica nos anais
da história
pela grande glória.

Continuando no desporto
o Porto
tem um grupo acessí­vel
para atingir um bom ní­vel
na liga dos campeões
onde o que há menos são tostões
sejam eles do Qatar
ou de macacos que gostem de se catar.
Madrid, Belgrado e Marselha
são cidades que podem ter atrás da orelha
novas vitórias azuis e brancas
que podem tirar muitas pancas.

O novo arguido
do processo preferido
dos jornalistas,
e de quem a PJ tem pistas,
chama-se António Jaime Brito.
Dizem que aliciava para Jorge Ritto
crianças casapianas,
as suas manas
e seus manos
mesmo que eles limpassem canos.
Trabalhava na Câmara de Lisboa
e o que ecoa
é que o seu emprego está em causa
e deve surgir por aí­ uma pausa
na relação contratual,
ou mesmo o seu final.

Uma boa notícia
mas que não vicia
é a possibilidade de os genéricos
(que deixam muitos farmacêuticos histéricos)
poderem chegar aos países pobres
que não têm cobres
para curar doenças
ou outras situações tensas.

Em Bombaim
chegou ao fim
mais um atentado
desta vez provocado
por estudantes islâmicos
segundo os cânticos
das autoridades locais
que poucas informações deram mais.


Portugal
cada vez mais comercial.
Vinte novos centros vão abrir
e estamos à procura de um elixir
de um antídoto
que mande tanto centro para o esgoto
porque o exagero é visível
e o nível
do país desce com facilidade,
não é verdade?

Um novo vírus informático
parece não ser nada apático
e promete atacar em Setembro.
Se fôr membro
de um clã
ou se viver na Sertã
tenha cuidado
o perigo mora ao lado.
Ele chama-se Sobig
e mesmo que não lhe ligue
ponha o seu anti-virus a funcionar
que ele atira-o ao mar.

Nos mundiais de atletismo
há um preciosismo
importante para relatar.
O Qatar
anda a naturalizar Kenianos
que há muitos anos
vão dominando a modalidade.
Com um par de tostões
charlatões
aliciam atletas
que chegam às metas
com um grande avanço
mesmo a quem já ganhou um bom lanço.
Sem nunca terem ido ao Médio Oriente
africanos ficam com nome de gente
árabe de nascença,
muçulmana de crença
e levantam a bandeira de um país
onde nunca meteram o nariz.

O substituto de Vieira de Mello
vindo de um percurso paralelo
é um português de penso na testa.
O que lhe resta
é um quartel-general
que parece um acampamento tribal,
tudo em ruína
uma verdadeira mina
de metal e betão
misturados numa grande confusão.

No início da nova temporada
a ideia acabada
de sair do discurso
que Ferro pôs em curso,
é a batalha
(qual jogo da malha!)
travada com Paulo Portas
que não parece ter horas mortas.
Disse que o governo
tem sido muito terno
ao aceitar este ministro
sinistro
da Defesa
que se senta à mesa
sem nunca ter sido Ranger
mas antes um câncer
ou um tumor
ou seja o que fôr,
algo a ser retirado
antes que comece a cantar o fado

A equipa das Antas
precisou de mantas
para aquecer o jogo
e quando McCarthy fez fogo
a vitória parecia perto,
mas eis que um Baía pouco desperto
entrega a bola
na sola
do sapato do Costinha
que distraído vinha
sobrando para um do Estrela da Amadora
que a atirou para fora
do alcance
de quem perdêra o lance.

Melhor sorte teve a selecção
que ficou na primeira posição
do mundial de hóquei
e a dupla de vólei
Brenha e Maia
que na praia
venceram o campeonato
como quem assa um pato.

A vaga de calor
trouxe o horror,
mil e trezentas mortes
é uma catástrofe com grandes portes.
Os serviços do Estado
deviam ter ajudado
quem tinha tonturas
pelas altas temperaturas.
Mas não
são
os únicos culpados
os familiares estavam bem avisados
que o calor para os idosos
pode ter efeitos danosos.
Abandonaram os entes queridos
por uns momentos bem vividos
de barriga para o ar
em La Manga del Mar.
Enquanto se dorme
em Benidorm
um familiar
pode estar
a sofrer com o sol picado
e sem ar condicionado.

Em França
quem parece estar na dança
da corda bamba
é o Ministro de uma saúde que descamba
com números assustadores
de óbitos e dores.
Lá o número chegou à dezena de milhar
e parece afectar
toda a população
que chora por mortes sem razão.
Chirac
não vestiu o fraque
antes uma gravata negra
como é regra
nestas ocasiões
de lamentações
e enviou às familias condolências
fazendo diligências
para que isto não se repita
na próxima vez que o calor fizer uma visita.

O Estrela da Amadora
viu em boa hora
a decisão
que lhe deu razão
na luta com a Naval
e vamos ver se não se vai dar mal
recebendo o Porto
num estádio que parece um horto.

No rescaldo do atentado
o mundo ficou desolado
com o número de mortes a subir
mais alto que a Ex-Estação Espacial MIR.
Entre as pedras e o aço
foi dado um grande passo
atrás na reconstrução.
de um paí­s que ninguém tem na mão.
Quem proclamou o fim da guerra
vê que afinal está perra.

Quem se mete
com a selecção de sub-17
é a equipa dos Camarões,
pareciam uns comilões
nos últimos vinte minutos.
Foram uns verdadeiros brutos
na arte de marcar golos.
Como quem come bolos
empataram uma partida
que parecia decidida
por uma grande goleada.
Mas quando não parecia haver mais nada
para além dos 5-0
foi vero
que chegaram ao empate,
e se o embate
tivesse mais descontos
os tontos
dos portugueses
dariam aos fregueses
um novo tento
que traria o apuramento.

Depois de dois dias
sem notí­cias
voltei à  escrita,
não porque preciso de guita
mas para saciar o ví­cio
de cair no precipício
que é escrever no Só Rima
antes da vindima.

Em Bagdad
a vida não dá.
Um qualquer marmelo
assassinou Sérgio Vieira de Mello
com uma carrinha armadilhada
pela armada
de Saddam.
O derrame
de sangue
apenas comparável ao que fazia um gang
nos tempos de Al Capone.
Muitos já puseram a boca no trombone
mas o que realmente importa
é a porta
que se fechou no Iraque.
Depois deste ataque
cobarde,
a tristeza arde
nos corações de quem só se satisfaz
com a paz.

Em Jerusalem
a paz também
ficou aquém
das espectativas.
Poucas pessoas ficaram vivas
com mais uma bomba
que tomba
os transportes públicos.
Salpicos
encarnados
ficaram marcados
no alcatrão
após a explosão,
Famí­lias
judias
destroçadas pelo suicí­dio
fugidio.
Famí­lias palestinas
estarão nas vitrinas
de um exército que agora avança
para a vingança.

Depois de acontecimentos tão trágicos
resta pedir poderes mágicos
para trazer um novo alento
ao vento
do futuro,
que parece bem duro.

No plano cultural
começou a Bienal
de Vila Nova de Cerveira
e não é nenhuma asneira
homenagear José Rodrigues
quer pelas suas obras big's
quer por aquelas mais pequenas
e amenas.
Toda a arte
parte
para o Minho,
ninho
de artistas
com qualidades mistas:
o queijo da transpiração
e o fiambre da inspiração.

Os fogos chegaram ao fim,
enfim!
Tanta mata ardida,
Portugal ficou com a SIDA
e precisa de trabalho comunitário
para repôr o sistema imunitário.
Plantar pinheiros, carvalhos e azinheiras
no Algarve, no Douro e nas Beiras
para voltar o verde
que se perde.

Desta vez
Israel libertou setenta e três
Palestinianos
que há alguns anos
foram presos.
Não os trocaram por cinco pesos
mas apesar disso o mundo espera
que surja a Primavera
para quem tem o fado
de viver ao lado
de guerras
pedras
e bombas
mas sempre sem pombas.

No Estádio Sérgio Conceição
quase que havia uma rebelião
quando o Beto de dedo em riste
quis calar um público triste.
Em tempo de descontos
o Sporting somou três pontos
e a Académica nenhum.
Acabou por ser com Rum
que os estudantes afogaram a mágoa
de começarem a Superliga junto à linha de água.

Cumprindo os horários
os ciclistas chegaram a Favaios,
uma meta junto à vinha
porque parece que nenhuma câmara tinha
meios para o patrocínio,
provocando este o declínio.
Tem que ser uma adega cooperativa
a enviar uma missiva
que levasse a chegada
à estrada
que passa na sua porta
depois de uma subida morta.
Mas o álcool,
não põe o desportista mole?
Só o vinho e o tabaco
parecem ter caco
para pôr uma volta sobre rodas
antes da altura das podas.

Em Matosinhos
os autocarros não andam sozinhos
e na bela tarde de sexta
quando um condutor fazia a sesta
o metro embateu
no pneu
do veículo.
Esperemos que o condutor não tenha discípulo
porque para ver um sinal vermelho
ou olhar o espelho
e ver uma serpente amarela
com muita janela
basta não ser cego
nem uma criança que brinca com LEGO.
Resultaram dois feridos
que farão pedidos
de indemnização
porque o distraído não merece perdão.

Segundo o que foi dito
(e não foi o Jorge Ritto)
a electricidade da América
deve ser estérica,
digna de um país
do cariz
da Libéria
ou da Nigéria
Basta ligar uma luz a mais
que um apagão escurece os demais.
O presidente falou
mas não deu o seu show,
foi um discurso pequeno,
pleno
de perfeicção
e não
com calinadas
ou bacoradas.



Na Senhora da Graça
a grande montanha da nossa praça
esteve em grande Nuno Ribeiro
agora primeiro
a dois dias do fim da volta.
Agora terá a sua escolta
de companheiros,
alguns grandes guerreiros
prontos a segurar a vitória.
Mas a história
não está terminada
pode existir uma fada
que no último dia
dê uma alegria
a Moller ou Lavarinhas
com uma vitória sem espinhas.

Há quem diga
que a Superliga
não devia ter este nome
tal a fome
que atinge os clubes
que não têm pubs
nem bingos.
Tomam apenas pingos*
para disfarçar uma amargura
que perdura.
Um exemplo
é o templo
da justiça.
Parece que só vão à missa
de quando em vez
dizer os porquês
e as razões
das suspenções.
As mais recentes
foram os despachos urgentes
que afastaram Estrela e Naval
do campeonato nacional.
Tudo por dois minutos
em que um campo foi invadido por putos
impedindo o fim do jogo entre Naval e o Rio Ave,
o que parece que é grave,
capaz de parar imensos jogos
até à altura em que não se vai falar em fogos.

*Pingo
é algo que um gringo
não sabe do que se trata
não é um colar de prata
mas um café com leite
que faz o deleite
de um habitante do Porto
que não esteja torto.

15 de Agosto
foi um dia de desgosto
para todo o benfiquista
turista
em Roma a ver a Lázio
dar um balázio
na baliza do Moreira
que perdeu a estribeira
com os erros do Argel.
3-1 foi o que ficou no papel
e agora fica para o Bessa
a promessa
de uma defesa de betão
com o Tiago recuperado da lesão.

Na Volta a Portugal, Cândido Barbosa
cada vez mais goza
com quem tenta batê-lo ao sprint.
Ganha sempre com um metro e vinte
de vantagem sobre o Angel Edo
que parece sofrer com o bruxedo
de ficar
em segundo lugar.
Faz lembrar Poulidor
o Vice-Campeão mor
da volta a França
e que agora já tem pança
depois do fim de carreira
e muitas horas na cadeira.

Na actualidade do País
graças a pessoas como o José Eduardo Moniz
só se fala em incêndios
que merecem vir em compêndios
do mau jornalismo.
Agora só falta um sismo
para as audiências dos telejornais
chegarem a valores brutais
para a época do ano.
No Verão
ver televisão
é coisa rara
o que torna a vida cara
para quem quer uma notícia
que faça a delícia
do director
agradecendo este com louvor.

Nos Estados Unidos
não há mortos e poucos feridos
pelo grande apagão da costa leste
que foi uma peste
para quem trabalha em Nova Iorque.
Foi um grande corte
que escureceu a cidade
colocando pessoas de toda a idade
à deriva pelas ruas,
quase sempre duas a duas
com medo dos assaltos.
Nos edifícios altos
os elevadores
causaram dores
de cabeça aos utentes
pondo-os mesmo doentes
com tanto tempo de espera.
Pudera,
horas fechados num cubículo
do tamanho de um tricíclo,
devem ser desesperantes.
Antes,
o metro tinha parado
deixando todo o gado
(que é o que parece)
com um calor de top-less
esperando pela saída
que demorou a ser conseguida.

A rima caiu em desuso
como um objecto obtuso
nefasto à poesia
uma candeia que não alumia
a qualidade
dos poemas de verdade.
Claro que concordo
quando entro a bordo
do barco poético.
Mas penso ser pouco ético
deixar a música
da palavra rústica
num local lúgubre e triste
caído na estrada após despiste.
Se para a poesia não serve
penso que não estou a ser imberbe
ao querer usar a rima
em cima
dos meus textos diários
críticos ou solidários
da sociedade em geral
de Potugal
ou do mundo
que é um poço sem fundo.